Santa Luzia - meu cantinho...

Hoje tentei falar com meu namorado diversas vezes, mas... não consegui. Só depois de muito tempo ele me ligou e foi maravilhoso, pois ele já estava em casa, havia lido alguns textos no meu Blog e estava deslumbrado com o que havia lido (ele nem gosta mto de ler rsrsrs). Ele me disse que eu era um presente de Deus, que ele era privilegiado por fazer parte da minha vida e vice-versa e que eu fico diferente quando estou aqui em Santa Luzia, que fico mais tranqüila, feliz e atenta as coisas que Deus me diz. Foi esse finalzinho que me chamou atenção, é claro que as outras palavras tmb foram de extrema importância, mas... o final... soou diferente aos meus ouvidos.

Foto em Santa Luzia, Estação Ferroviária - Eu, Renato e Marcos - dois amigos...

Precisei permanecer por vários dias em Betim, já falei aqui algumas vezes sobre essas duas casas, no entanto estar lá exige sacrifício da minha parte, é pesado, desconfortável e injusto. Por que me sinto usando minha mãe (que é maravilhosa e me ajuda muito), pois quando estou lá tenho mais tempo pra tudo; pra ler, estudar a Bíblia e a pós-graduação, navegar, namorar e tals... ainda assim, sinto-me sufocada e desconfortável. Todas as vezes que vou pra lá é por obediência a Deus, pra ajudar minha mãe ou pra fazer uma visita de fato.

Outro dia estava questionando Deus sobre vários assuntos: por que me sinto triste em Betim? Se necessito ficar lá por tantos dias, por que não fico de vez por lá? Por que, por que e por quê??? Então o Espírito Santo me disse que não fico feliz por que não estou onde Deus me quer, por que estou fora do Seu plano maior, porém, preciso cumprir o plano menor que sucumbirá no maior. Estar lá vez ou outra, tmb faz parte do tratamento/treinamento/transformação, esse é um processo que não tem data marcada pra terminar, não possui roteiro e muito menos cronograma.

Mesmo sabedora de tudo isso, sou humana e às vezes (confesso) esquisitinha. Há dentro de mim a necessidade de ter em algum lugar só meu “jardim secreto”, não onde irei confinar meus segredos, mas onde possa ter um encontro real e exclusivo comigo e com Deus, para me avaliar e ouvir. Algumas pessoas sentem mais essa necessidade que outras, mas estar consigo de vez em quando, interiorizar-se, colocar ordem nos pensamentos ou simplesmente abandonar-se, é vital ao equilíbrio de todos nós. Quando estou em Santa Luzia me sinto neste jardim, mais próxima de Deus e das Suas promessas.

Todo relacionamento precisa conservar um espaço vital - quer seja familiar, pessoal ou interpessoal - como o limite de cada um. Os relacionamentos que ultrapassam essas barreiras acabam por danificar, pois amar é também respeitar que a outra pessoa tenha seus momentos a sós, seus pensamentos e, por que não, seus próprios amigos, próprias idéias, devaneios e sonhos. Não preciso estar junta 24 horas com minha mãe para provar que a amo, ela não me sufoca, contudo... necessito de um pouco de espaço para respirar, organizar as idéias e também a oportunidade de sentir falta de estarmos juntas novamente.

Amar é deixar o outro livre para ficar ou para se retirar. É respeitar seu silêncio e seu desejo de solitude. E é deixá-lo livre para ir e voltar quando o coração pedir. Nada impede que um grande e lindo jardim seja construído junto e que de mãos dadas se passeie por ele, com o peito cheio de felicidade e a cabeça entremeada de sonhos… mas ainda assim, o jardim secreto de cada um deve ser mantido como lugar único e que vai, no fim das contas, enriquecer os relacionamentos.

Espero que este texto ajuda as pessoas que tmb têm a necessidade de, em algum momento, se ausentarem e ficarem em seus “Jardins Secretos”.

Bjs, que Deus os abençoe e até breve!