
Depois Eliseu voltou para
Gilgal. Nesse tempo a fome assolava a região. Quando os discípulos dos profetas
estavam reunidos com ele, ordenou ao seu servo: “Ponha o caldeirão no fogo e
faça um ensopado para estes homens”.
2 Reis 4:38. NVI.
Este é um episódio interessante.
Gilgal significa "uma roda"; talvez, aqui, um local de habitação de
profetas ao norte de Israel. Foi um dos primeiros seminários de profetas, em
que os alunos se assentavam em círculo, ao redor do profeta mestre.
Nessa época havia fome naquela
região. Gente com fome não é exigente quanto ao cardápio; come qualquer coisa.
O profeta Eliseu viu que a turma estava tão faminta, que não teve dúvida:
suspendeu a aula e mandou fazer um ensopado.
Fome zero pode gerar desastres
homéricos no pedaço: Um deles foi ao campo apanhar legumes e encontrou
uma trepadeira. Apanhou alguns de seus frutos e encheu deles o seu manto.
Quando voltou ao grupo, cortou-os em pedaços e os colocou no caldeirão do ensopado,
embora ninguém soubesse o que era.2 Reis 4:39.
O ajudante de cozinheiro não
tinha a menor noção do que era esse ingrediente, nem mesmo o chefe da cozinha,
pois ninguém sabia do que se tratava. Pensavam apenas em como poderiam fazer
para matar a fome dos famintos. A trepadeira parecia um legume bem apetitosa e
não tiveram dúvida: vamos lá para o fogão preparar um prato delicioso.
O ensopado foi servido aos
homens, mas, logo que o provaram, gritaram: “Homem de Deus, há morte na
panela!” E não puderam mais tomá-lo. 2 Reis 4:40.
A comida estava envenenada. A
planta era tóxica e os alunos corriam perigo de morte. Então gritaram: há morte
na panela! Mesmo na culinária moderna há pratos que parecem bons, mas são
prejudicial à saúde. Os embutidos, por exemplo, são perigosos. Se soubéssemos
como são feitos e quais são os seus ingredientes, quem comeria...
Então, Eliseu pediu um pouco
de farinha, colocou no caldeirão e disse: “Sirvam a todos”. E já não havia mais
perigo no caldeirão. 2 Reis 4:41.
Aqui vemos o profeta Eliseu
introduzindo um ingrediente que vem neutralizar todo o efeito do veneno e
tornar a comida saudável. Mas, afinal de contas, o que esse fato tem a ver
conosco e o que pode nos ensinar? O que está por trás desta quase tragédia?
Cuidado com os restaurantes, e,
principalmente, os espirituais. Há muita gente que vem das escolas de profetas
sem saber o que estão servindo para a turma dos carentes. Sem conhecer nada do
Pão nosso de cada dia, eles servem, como iguarias de primeira, os ensopados de
cabaça para gente sem noção.
Aquela trepadeira era uma colocíntida,
espécie de cabaça tóxica, preparada por uma cabeça vazia que não sabe discernir
entre verdade Divina e veneno humano.
Há muito mais gente sendo
envenenada por açúcar branco do que por carne do tipo vermelha. O açúcar é
saborosíssimo, mas é droga com dependência. A carne bovina vem sendo perseguida
por ser o boi animal sagrado, na Índia; essa é a mentalidade da religião
humanista, tomando conta da elite do mundo atual. O boi é uma divindade que
pasta.
Entretanto, o pior alimento ainda
é o de cunho espiritual. Quantos "cozinheiros" nos púlpitos que
servem humanismo contaminado, afirmando que é puro cristianismo? É aqui que
reside o maior perigo. Há morte na panela! A mistura do evangelho com a
religião.
Já ouviram falar desses chefes da
"culinária" espiritual, Pelágio e Agostinho; Armínio e Calvino? Pois
é, Pelágio e Armínio tratam do labor e da cruel obra humana para garantir a
salvação. Os outros dois enfocam a graça de Deus como sendo eficaz, eficiente
e, além de tudo, suficiente do começo ao fim, no processo da salvação do
pecador.
O debate entre Agostinho e
Pelágio começou por essa oração de Santo Agostinho: "concede-me o que me
ordenas e ordena o que quiseres". Aqui vemos a graça plena em plena ação.
Pelágio, porém, acreditava que o homem era livre e capaz de cumprir a lei.
Anos depois, na época da Reforma
Protestante, Calvino e Armínio trouxeram esse debate ao fórum teológico. A
questão essencial é: graça plena, onde Deus faz tudo, ou a tal graça subvencionada
pelo esforço humano? Tentando resolver esse tema de um modo que fosse
politicamente correto, surgiu, no seio da igreja, um conceito denominado de
semi-pelagiano, que foi lançado na panela, intoxicando o pensamento cristão.
Essa tentativa mesclada ensina
que o ser humano é salvo exclusivamente por Deus, mediante a sua graça,
todavia, essa salvação partiria somente da boa iniciativa da livre vontade no
coração do homem, para com Deus. A salvação, neste caso, depende de uma ação
humana e nunca da soberania de Deus. É como se o feto pudesse escolher os pais.
Retirar o homem caído da arena só
se for pela graça plena. O pragmatismo e o mérito nunca abrem mão de sua
participação efetiva na bênção Divina. Por isso, essa mente de executivo em
busca de sua conquista, nega a graça. Ora, se é pela graça, já não é
mais pelas obras; se fosse, a graça já não seria graça. Romanos 11:6.
A pregação ensopada de suor,
refletindo esforço humano, jamais pode trazer-nos alívio ou promover a
dependência total da suficiência do Cordeiro. Li num menu de um religioso:
"como devemos viver a fim de agradar a Deus? A melhor advertência, que
resume a boa resposta, é: "esforce-se!" Com que força, cara? A do ego
ou a de Cristo?
Nós somos agradáveis a Deus pelo
que fazemos ou fomos feitos agradáveis ao Pai, no Amado, e assim fazemos o que
fazemos movidos pela vida de Cristo? Será que nós podemos fazer alguma coisa
que nos torne agradáveis a Deus por nós mesmos ou é a Trindade quem promove em
nós tanto o querer como o executar? Esse é o quesito fundamental da vida
cristã, quando cremos que o que fazemos é um produto da graça.
Os cristãos precisam reconhecer
que o humanismo não é um aliado na busca de um mundo melhor para se viver. É, sim,
um inimigo mortal; é a religião sem o Deus de toda graça e com um semideus
falido e abusado, que supõe poder controlar todo o universo e as pessoas como a
sua ditadura do mérito e da troca de favores.
Há morte na panela quando
misturamos o suor do ser humano com o sangue puro do Cordeiro. Não é o nosso
esforço que nos torna agradáveis a Deus, mas o sacrifício de Cristo Jesus na
cruz. Não é a nossa obediência a Deus que promove o Seu favor para conosco, ao
contrário, é Sua graça plena que garante a nossa obediência voluntária. É bem
aqui que precisamos prestar muita atenção, para não sermos enganados.
Você quer dizer que eu não tenho
que fazer nada? Sim! É exatamente isso. No evangelho, nós cremos que o nosso eu
foi crucificado com Cristo e que a vida que nós vivemos, na carne, vivemos pela
fé do Filho de Deus, pois, é Ele quem vive em nós. É simples assim. Agora, se
nós não entendermos isto, não entendemos nada.
Todavia, precisamos entender
ainda que os filhos de Deus são operosos. Só que a operosidade deles é
promovida pela graça plena. O apóstolo Paulo diz: Mas, a mim, foi
concedida a plena graça bondosa de Deus. E a ela devo tudo o que sou. Não posso
permitir que sua graça seja desperdiçada. Não trabalhei muito mais que qualquer
um dos outros? Embora os resultados não tenham dependido de mim, mas sim de
Deus que me deu sua graça abundante. 1 Coríntios 15:10.
No evangelho o esforço não produz
fadiga, ainda que venhamos a nos cansar, fisicamente. Não tem peso na
caminhada, ainda que tenhamos lutas na batalha. Não há troca de favores, nem os
galardões devem ser vistos como uma conquista pessoal, mas como um desfrutar da
dependência do Altíssimo.
A ignorância do aprendiz de
profeta colocou cabaça tóxica na panela, supondo que era algo comestível. A
nossa ignorância da suficiência de Cristo pode lançar sobre a cabeça dos
ingênuos o veneno do humanismo, acreditando que estamos pregando a Cristo. Nada
pode ser mais nocivo para a saúde espiritual, do que o esforço próprio no
sentido de conquistar aquilo que nos foi concedido graciosamente pelo Senhor.
A fé cristã tem lutas, mas não
peso. Ninguém precisa ser o que não é, uma vez que somos o que somos pela graça
plena, através da vida de Cristo, em nós. Cuidado com o veneno da cabeça
humanista, ele pode matar: "A vida em torno do falso eu, gera o desejo
compulsivo de apresentar ao público uma imagem perfeita, de modo que todos nos
admirem e ninguém nos conheça", escreveu Brennan Manning.
Antes de terminar, Eliseu pediu
um pouco de farinha e colocou na panela. O Trigo moído é uma figura do
sacrifício de Cristo. Só essa farinha pode neutralizar o veneno. Só Cristo pode
nos tornar íntegros e desintoxicados. Gosto do que disse A. W. Pink “Não
há maneira pela qual, por nós mesmos, possamos gerar santificação. A nossa
santificação é Cristo. Não há maneira pela qual possamos ser bons. A nossa
bondade é Cristo. Não há maneira pela qual possamos ser santos. A nossa
santidade é Cristo”
Oremos agora como Martinho Lutero
orou outrora: "Senhor Jesus, tu és a minha justiça e eu sou o teu pecado.
Tomaste sobre ti o que era de fato meu, e ainda colocaste sobre mim o que era
teu. Tu te tornaste o que não eras, para que eu me tornasse o que não
sou". Essa pode ser a nossa rendição final diante do fascínio de querer
ser alguém fora de Cristo. Aleluia! Amém.
Fonte: Pib em Londrina
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